Tavinho Rangel

Guitarra-base, violão e vocal-líder

Tavinho Rangel, photo by Sérgio Machado
Tavinho Rangel vem participando de vários projetos culturais e musicais desde 1990, e vai falar um pouco dele nesta entrevista à JuniorPages.
Se você enviar perguntas pelo Bluesmail, elas serão publicadas na próxima atualização desta página.
Participe !

JP: Quais os artistas que admira?
T.R.: Fleetwood Mac ( formação original ), Rolling Stones, Crosby, Stills & Nash e America.

JP: Quais os gêneros musicais que aprecia ?
T.R.: O Blues, rock dos 50 e 70 e o folk.

JP: Como você vê a questão de artistas limitados estarem sempre presentes na mídia, e outros extremamente talentosos ficarem ocultos ?
T.R.: Os meios de comunicação estão nas mãos de grupos econômicos poderosos que praticamente determinam quais informações chegam a nós. A música é uma destas informações, e está vinculada aos grandes conglomerados multinacionais conhecidos como gravadoras. Estes conglomerados fazem lobbies com os canais de divulgação para veicularem seus produtos e artistas, tomando assim a maior parte do espaço das rádios e tevês.

JP: E sendo o Blues uma música de qualidade, por que está fora da mídia ?
T.R.: A questão de ficar fora desta "máfia" da comunicação não passa pelo gênero musical ou qualidade. Ao contrário, é algo que foge propriamente à esfera musical. A palavra-chave é: ORGANIZAÇÃO.

JP: Como assim ? Temos eventos de Blues muito bem organizados, certo ?
T.R.: Podemos dizer que o pagode, o sertanejo, o evangélico, etc. sejam exemplos de proposta organizada, pois reunem artistas, empresários, divulgadores, casas de shows, de forma simultânea e coordenada, para que estejam no centro das atenções. O Blues na América do Norte possui tal organização e consegue abraçar uma boa fatia do mercado fonográfico de lá. Contudo no Brasil, este gênero não conseguiu se organizar coletivamente para se igualar aos seus concorrentes. Vimos aqui nos últimos dez anos, uma postura isolacionista de meia-dúzia de artistas que ao invés de se unirem, competiram entre si por uma fatia de um bolo que ainda nem estava no forno.

JP: Você já ouviu comentários que "o Blues é uma música de elite" ?
T.R.: Discursos como "o Blues não tem vez", "música de elite", "gênero maldito", "gênero marginal", etc. não colam, pois só servem para camuflar a incompetência dos blueseiros (daqueles que fazem o Blues e pelo Blues) em se organizarem coletivamente e ampliar seu espaço. Tudo bem que existem obstáculos, mas o maior é esta falta de visão coletiva daqueles que se propuseram a fazer o Blues no Brasil - coisa recente, a propósito.

JP: E como você se situa nesta batalha ?
T.R.: Ao longo dos últimos anos, tenho estado na estrada não só com à frente da banda Blues & Beer, como também idealizei o "Projeto Blues 2000", que fez muito sucesso no Miller Time & Blues. O objetivo é reunir membros de diferentes bandas de blues em apresentações prazerosas, proporcionando maior projeção ao Blues e oportunidades aos novos músicos deste gênero tão legal. Minha carreira tem sido uma trajetória árdua mas de muita aprendizagem. Uma vez tocamos num projeto da prefeitura na praça central de um conjunto habitacional de baixa renda no bairro do Cachambi. Dentre as atrações, palhaços, coral, repentistas, nós e o conhecido músico de baile Bruno Maia. Na platéia, crianças, idosos e alguns jovens. Gente que com certeza nunca ouviu falar de Blues. Ao final foi feita uma votação da atração que mais agradou. O resultado foi surpreendente: ficamos em primeiro lugar.

JP: Puxa, como explicar isto ?
T.R.: Porque tocamos em condição de igualdade com as demais atrações e soubemos nos diferenciar com sinceridade e simpatia, respeitando a platéia e tentando despertar nela o interêsse por esse gênero de origens muito humildes.

JP: Então o Blues é um gênero simpático, não ?
T.R.: Isso faz eu me lembrar de uma entrevista onde Egberto Gismonti contava sobre seu encontro na Mangueira com Cartola. Recebido com festa por toda a velha guarda da escola, Gismonti ficou um tanto deslocado ao ser chamado para fazer um som com seus novos amigos. Inicialmente preferiu tocar um arranjo de um samba tradicional. Ao final de seu primeiro número, Cartola disse-lhe: "- Tá bonito meu filho, mas faça a sua música. Esta nós já conhecemos... é a sua que queremos ouvir !" Creio que isto sirva de exemplo para mostrar que as pessoas só podem gostar de algo que tenham oportunidade de ouvir, e a curiosidade pelo novo está nelas, independentemente de sua classe social ou grau de instrução. O potencial do Blues no Brasil, em minha opinião é enorme.

JP: Qual seu time de futebol ?
T.R.: Bem, suponho que você esteja se referindo efetivamente a "Times de Futebol", em maiúsculas. Neste caso, cito o Borussia Dortmund ( Alemanha ) e a seleção da Dinamarca na copa de 86.

JP: Qual seu equipamento de batalha ?
T.V.: Guitarra Epiphone Sheraton II e amplificador Fender.

JP: Qual seu ídolo na guitarra ?
T.R.: O Peter Green do Fleetwood Mac ( formação original ) é sem dúvida meu favorito. Mas claro que admiro outros, que citarei na próxima entrevista.

JP: O que fazer para relaxar ?
T.R.: No momento não estou tendo tempo para isto. Assim que conseguir, darei a fórmula.

JP: Cite um fato engraçado em sua carreira.
T.R.: Estou lembrando de um agora, mas vamos deixar para a próxima atualização da página.

JP: Das músicas que vocé compôs, tem alguma favorita ?
T.R.: Todas foram elaboradas com muito carinho. Gosto de todas elas. "Intenção Blues", "Volta prá mim", "Casa, comida e roupa lavada", "Chove e não molha" e "Sem pena de mim", têm agradado muito em nossas apresentações e isto me deixa especialmente feliz para terminar de compor outras que já estão no forno.
Aliás a JuniorPages disse que iria colocá-las na seção Músicas, não disse ?

JP: Ok, elas já estão lá. Os internautas estão perguntando pelas novas que estão sendo tocadas nos shows !
T.R.: A propósito, falando do site, a resposta da charada que está na página do Márcio é: "Plantão Médico".

JP: Você se dedica a outros projetos além da Blues & Beer?
T.R.: Sempre arranjo um tempinho livre para participar de projetos como o "Workshop da Banda Voyage", realizado em 5/02/03 no Espaço Cultural Nico Assumpção, onde dei uma canja ao lado do João Fera - tecladista dos Paralamas do Sucesso. Outro evento muito especial foi o "Tributo a George Harrison", realizado em 29/12/01 no Nectar e que reverteu toda a arrecadação em alimentos para um orfanato da região. Na foto abaixo, um registro do mesmo, com Rubens, eu e Sérgio Carvalho.

Homenagem

JP: Ficamos muito contentes com a homenagem que o Sindicato dos Músicos Profissionais do Estado do Rio de Janeiro fez em sua homepage, elegendo-o "sócio destaque" do mês de maio de 2004. Abaixo, o extrato da homepage do SindMusi.

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